1.8.01

Livro do dia: Serpente, de Rex Stout. Gosto muito do Stout, um dos melhores autores policiais que conheço. Seu sensacional detetive, o inteligentíssimo e balofo Nero Wolfe, tem um poder de dedução só comparável ao de Sherlock Holmes, mas a fina ironia (sem contar a misoginia e a sugestão de homoerotismo implícito) não têm igual. Esta é a primeira aventura de Stout, datada de 1934. Impressionante como o livro não perdeu absolutamente nada de seu frescor em 67 anos.

No CD Player: Silêncio, de Pedro Abrunhosa e Bandemônio. Rock português de primeira, baticum meio techno, meio ambient, qualidade por inteiro. Destaque para "Qualquer lugar".

31.7.01

O casamento do meu melhor amigo

São Paulo-Atibaia: alto da Serra da Cantareira, 11 da manhã do último sábado, dia 28. Frio cão: calculamos quatro graus positivos no barato, e meu terno era de microfibra, que não amassa mas também não protege chongas do frio que estava deixando este carioca com as pontas dos dedos enregeladas (o bom dessas situações é que você usa palavras que até então só tinha encontrado em livro), quase roxas. Mas era por uma boa causa: não é todo dia que se é padrinho de casamento do melhor amigo. Lúcio Manfredi, escritor e roteirista da Globo (há cerca de um mês emplacou um ótimo episódio do programa Brava Gente), juntou os trapos com a jornalista Giovana Oliveira. O casal se mudou aqui pro Rio, mas a cerimônia foi em São Paulo, porque as duas famílias são de lá. Há dois meses ele me convidou para ser padrinho, e é claro que aceitei. Passei um mês escolhendo essa peça de roupa que me é tão familiar quanto uma cota de malha de armadura medieval: o terno. Felizmente não precisei usar gravata (o próprio noivo só casou de blazer por exigência da família! ;-)
Voltando à vaca fria (e põe fria nisso!): chego lá, depois de negociar ida e volta com uma empresa de táxi de Sampa e desembarco no local da festa todo lampeiro... para ser recebido pela prima do Lúcio, que com enorme simpatia me perguntou:
- Você não vai ao casamento?
- Vou, ou melhor, vim - respondi. - Não vai ser aqui?
- Não - ela explicou. - Vai ser lá em Extrema. Ele não te avisou?
O detalhe era que Extrema (divisa de SP com Minas), que ficava a quarenta minutos de carro de Atibaia, era o local anterior da festa. Três dias antes, via ICQ, o Lúcio me avisa que tudo havia mudado e que agora as coisas seriam em Atibaia.
Estava tudo indo certo demais. Eu sabia.
Só não foi trágico porque foi cômico: não dava mais pra ir a Extrema, e o jeito foi esperar os noivos e a comitiva com os outros SETE casais de padrinhos. Ainda deu pra falar com o Lúcio logo antes da entrada do casal no cartório e me autoconsagrar padrinho honorário (Lúcio, isso me isenta de te dar um presente? Brincadeira! ;-D

Ainda no casório, bati um ótimo papo com Renê Belmonte, também roteirista da Globo e co-autor (junto com o Lúcio e uma pá de gente boa que estava presente na ocasião) da ótima coletânea de contos Novelas, Espelhos e um Pouco de Choro - Contos de Roteiristas Sobre Televisão (Ateliê Editorial). Destaque para o excelente conto curto do Renê (História de Amor), além de A Criação do Mundo, da Thelma Guedes, uma homenagem declarada a Clarice Lispector, e A Mulher de Vidro, do Lúcio (pode parecer puxação de saco, e é mesmo, mas o conto é bom, confiram).