22.2.02

Tenho em minhas mãos o número um do Pasquim 21. Nos últimos dias muita gente boa tem feito comentários pessimistas quanto à volta desse grupo de jornalistas etílico-satíricos liderados pelo Ziraldo. O principal motivo seria o da obsolescência e, quem sabe, da senescência deles (leia-se velhice).

Não é verdade. Os cara ainda mandam muito bem: destaque para as duas entrevistas desta edição, um pingue-pongue com a dona Zilda Arns, fundadora e principal articuladora da Pastoral da Criança, e dropes pinçados ao vivo da palestra de Noam Chomsky no Fórum Social Mundial. Para quem quer carne nova, tem um texto do Michel Melamed, ator e poeta da geração CEP 20000, cria do Chacal mas que manda muito bem sozinho. E, de mais a mais, querem mesmo saber? O tom deles não mudou muito mesmo: afinal, tudo o que eles sempre combateram - a corrupção na política, o perpétuo desfalque dos nossos bolsos, a dilapidação do patrimonio público e a cara de pau dos nossos governantes - continua, não é, pessoal? E ainda pior. Palmas, portanto, para eles. Porque alguém tem que fazer alguma coisa. E eles fazem.

21.2.02

Copyleft. Acabou de subir para o site do Web Insider uma matéria que escrevi sobre uma questão que atinge muitos profissionais que trabalham na Web: o Ctrl+C, Ctrl+V, "fenômeno" que ocorre quando textos que escrevemos para um determinado site aparecem misteriosamente em outros, sem permissão e muitas vezes sem menção da fonte. Talvez seja um tema polêmico - ou não - mas já está na hora de pararmos de ficar celebrando a Internet e os blogs como coisas muito legais (que evidentemente são) e pararmos para pensar no que vamos fazer com isso.

20.2.02


Outro blog que eu não conhecia e que, tive o prazer de descobrir, colocou o Lanceiro entre seus favoritos é o Baticum. Autodefinido como um "devezemquandário" (ótima, essa), ele foi criado pelo Claudio Motta mas ganhou há alguns dias o auxílio luxuoso de Mitzzi Carvalho e Rodrigo Ielpo. Notícias, causos e comentários sobre o cotidiano, tudo na medida. Fiquei fã.

Recebi ontem o livro Sem Logo - A Tirania das Marcas em um Planeta Vendido, de Naomi Klein. Já comecei a ler e estou devorando: Naomi é uma jornalista canadense de 31 anos que está provocando furor com essa análise impecável e impiedosa da indústria da propaganda. Para quem não sabe, ela esteve no Fórum Social Mundial dando seu recado. Este livro já entrou para a minha lista dos livros fundamentais para compreender o século XXI. Obrigado a Adriana, da Editora Record, pelo envio.

17.2.02


Estrelas, o nosso destino? Deu no JB de hoje: a NASA já começa a discutir a possibilidade de uma missão tripulada para colonizar um planeta no sistema estelar de Alpha Centauri (que fica em nossa galáxia e não em outra, como disse o coleguinha americano do jornal The Independent, de quem o JB publicou a matéria, ou quiçá seu tradutor). Um dos principais entrevistados pelo jornalista Steve Connor foi Geoffrey Landis, apontado como especialista em foguetes. Mas não só: Landis é escritor de ficção científica, e dos bons. Traduzi um conto já clássico dele para a falecida versão brasileira da revista Isaac Asimov Magazine (Ondulações no Mar de Dirac), e tive o prazer de conhecê-lo numa convenção do gênero na Escócia em 1995. Landis, que participa da Associação Americana para o Progresso da Ciência (e não Avanço, como está na tradução), faz parte de uma equipe criativa que vai tentar determinar o que é realmente viável para uma viagem desse porte. Para quem não sabe, Alpha Centauri é uma estrela localizada a cerca de quatro anos-luz do nosso planeta, e com a tecnologia atual levaríamos no mínimo algumas centenas de anos para chegar até lá. Não sei, mas desconfio que deveriam ter convocado outro ilustre escritor para participar dos esforços. Kim Stanley Robinson, que é ecologista e há alguns anos escreveu a obra definitiva sobre uma possível colonização de Marte: a Trilogia Marciana, composta dos romances Red Mars, Green Mars e Blue Mars. Parecem títulos bobos? Mas os livros são um biscoito finíssimo, considerados por críticos americanos o Guerra e Paz da FC. Motivo? Porque tocam em um ponto pouco explorado por livros desse tipo: o que pode acontecer (de bom e de ruim) com a cabeça das pessoas que partem em missões de colonização dessa natureza. Pra pensar - e muito.
Ah, sim: rendi-me novamente ao sistema de comentários. Há alguns meses a gALLera blogueira vem utilizando o Fala Sério, do Ernani Martins, e até hoje não vi uma reclamação. Rendo-me, portanto, às evidências. E vamos em frente!
Ontem tive o prazer de descobrir mais um weblog jornalístico na área. É o Picadinho Diário, do coleguinha Ivson. Nesse blog ele promete uma atualização quase diária da coluna Coleguinhas, Uni-vos!, a mais recente reencarnação do site de mesmo nome que ele manteve heroicamente de 1996 até o ano passado. Se você quer informação confiável sobre o que anda acontecendo no métier, coloque o Coleguinhas em seus favoritos. Já está aqui na coluna da esquerda. Vida longa e próspera, Ivson!